Toc. 29/12/2013.
Ana,
Eu sei que não cumpro promessas,
principalmente aquelas que eu faço para não durar. Explico-lhe: cheguei a dizer
que nunca mais te escreveria outra carta, e veja só, aqui estou eu.
A verdade é que não havia sentido
em escrever cartas – ao menos para mim – se a única pessoa para quem eu
escrevia e tinha plena certeza que sempre me responderia estava do outro lado
do mundo.
Sim - eu sou egoísta -, eu não faria
correio internacional só para te escrever acerca das mesmas besteiras que te
falo aqui e acolá. Sem contar que aqui não tem postais, não como aqueles irados
que você me enviou meses atrás. E falando naqueles postais, obrigada por lembrar-se
de mim, adorei cada um deles!
Mas um ano se passou... E eu não sei
o que de concreto mudou para você, ou como será sua vida daqui para frente. De fato,
isso pouco importa, pois é você quem deve saber o que é importante levar em
consideração.
Uma coisa é certa, e jamais
duvide disso: você é alguém que vale muito a pena conhecer e, quando eu digo
isso não me refiro somente ao seu lado malvado, que as pessoas dizem que você
tem, pois a mim ele sempre me fez bem, me faz ficar alerta e reparar argumentos
em minhas próprias falhas. Eu aprendi, e creio que ainda vou aprender muitas
coisas com você, e não só no lado musical.
De maneira que, o valor das
pessoas não se mede pelas palavras ditas boca a fora, mas sim pelas ações e admirações
compartilhadas através da amizade. E tem que ser muito cego para não perceber o
quanto você dar valor a isso: as suas amizades.
É como na historia do arquiteto e
do promotor de eventos em “As vantagens de ser invisível”: ...“Eu morreria por
você, mas não viveria por você”. Sinceramente, eu acho que você deveria ler
esse livro, pois ele é... Interessante! Embora eu ache que você não suporte
os melodramas do autor, não seria o seu tipo.
Bom, é isso. Bem vida de volta e
até qualquer hora.
Fique bem. Cuide-se!
-#-#-
Escrevi essa pequena carta no meu
caderninho das Gurias, que eu tinha o costume de carregar para todo lugar. Nele
eu anotava toda coisa, desde impressões do dia-a-dia a notas de músicas criadas
sem nenhuma intenção. Abandonei o mesmo há algum tempo, porque ficou sem folhas
e todo rabiscado, mas voltei a organizar minhas coisas e achei isso aqui. Era para
uma amiga, mas agora acabou sendo para mim.
P.s: Ana, obrigada pelo
caderninho. :)
Um comentário:
Bela carta!
Adoro ler cartas, ainda mais quando tem um 'q' de poéticas e filosóficas.
Um grande abraço, guria arretada Allyne.
Sacudindo Palavras
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