segunda-feira, junho 30, 2014

Achados e Perdidos

Toc. 29/12/2013.

Ana,

Eu sei que não cumpro promessas, principalmente aquelas que eu faço para não durar. Explico-lhe: cheguei a dizer que nunca mais te escreveria outra carta, e veja só, aqui estou eu.

A verdade é que não havia sentido em escrever cartas – ao menos para mim – se a única pessoa para quem eu escrevia e tinha plena certeza que sempre me responderia estava do outro lado do mundo.

Sim - eu sou egoísta -, eu não faria correio internacional só para te escrever acerca das mesmas besteiras que te falo aqui e acolá. Sem contar que aqui não tem postais, não como aqueles irados que você me enviou meses atrás. E falando naqueles postais, obrigada por lembrar-se de mim, adorei cada um deles!

Mas um ano se passou... E eu não sei o que de concreto mudou para você, ou como será sua vida daqui para frente. De fato, isso pouco importa, pois é você quem deve saber o que é importante levar em consideração.

Uma coisa é certa, e jamais duvide disso: você é alguém que vale muito a pena conhecer e, quando eu digo isso não me refiro somente ao seu lado malvado, que as pessoas dizem que você tem, pois a mim ele sempre me fez bem, me faz ficar alerta e reparar argumentos em minhas próprias falhas. Eu aprendi, e creio que ainda vou aprender muitas coisas com você, e não só no lado musical.

De maneira que, o valor das pessoas não se mede pelas palavras ditas boca a fora, mas sim pelas ações e admirações compartilhadas através da amizade. E tem que ser muito cego para não perceber o quanto você dar valor a isso: as suas amizades.

É como na historia do arquiteto e do promotor de eventos em “As vantagens de ser invisível”: ...“Eu morreria por você, mas não viveria por você”. Sinceramente, eu acho que você deveria ler esse livro, pois ele é... Interessante! Embora eu ache que você não suporte os melodramas do autor, não seria o seu tipo.

Bom, é isso. Bem vida de volta e até qualquer hora.

Fique bem. Cuide-se!

-#-#-

Escrevi essa pequena carta no meu caderninho das Gurias, que eu tinha o costume de carregar para todo lugar. Nele eu anotava toda coisa, desde impressões do dia-a-dia a notas de músicas criadas sem nenhuma intenção. Abandonei o mesmo há algum tempo, porque ficou sem folhas e todo rabiscado, mas voltei a organizar minhas coisas e achei isso aqui. Era para uma amiga, mas agora acabou sendo para mim.


P.s: Ana, obrigada pelo caderninho. :)

Um comentário:

Érica Ferro disse...

Bela carta!
Adoro ler cartas, ainda mais quando tem um 'q' de poéticas e filosóficas.

Um grande abraço, guria arretada Allyne.

Sacudindo Palavras