Naquele quarto, tudo parou. Tudo que
há por lá se evaporou. A energia que antes emanava por uma tarde se foi:
deixando coleções de discos, dvd’s e contas a pagar. Temos um amigo em comum.
Por um lado, eu fumo um cigarro...
Foi há 10 anos! Dez longos anos. Tempo suficiente para pensar em uma vida de
merda, que muitos dizem ter sido estragada. Nossos destinos se confundem.
Alguns dizem que aos mortos
pertence o mundo do esquecimento, que aos ossos o local da terra... Aos amigos,
a eterna lembrança. Eu sinto falta. Acho que almas também podem chorar.
Pela rua a vagar, a dormir e a
escutar... Eu não deveria estar mais aqui. Mas, eu paraliso, pacífico... Me
transformo em oceano de enchentes emocionais e confusões mentais, aparelhos de
jardim e janelas fechadas.
Quem poderá entender o que
aconteceu?
Quem poderá compreender o porquê
de sermos arrancados de quem somos?
Eu sou apenas um clarão na noite
a procurar por locais que não existem, por pessoas que se tornam superficiais,
perfis banais de um café barato, insetos ao redor de lâmpadas de led de brilho
frio. Acho que nos entendemos.
- Se me arrancares do meu túmulo,
a cerca que rege meu mundo, não saberei quem sou, quem deveria reportar: Se a
ti ou a mim, ou a nós. Quem somos todos nós?
A música morre aos lábios, como
quem morre em gritos. Em agonia pela idade, pela saudade, pela maturidade...
Pelas praças da cidade.
... E até o cigarro se torna
cinzas.
Para André.
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